sexta-feira, 3 de julho de 2009

Na noite



















Acolho-me da noite ressaibada onde dormi nu, casta, virgem e basta, em bonomia, sob as tuas asas amplas de morcego. Na madrugada do desassossego abrigo-me hoje de um tempo em que as escamas se elevavam perfiladas de um mar arrepiado em que, de um lado a vaga, do outro o ventoe esta dore o desalento e as lágrimas, perdidas, roliças, gordas, profundas, iguais ao mar, iguais a si… escorridas nos olhos invisíveis dos meus dedos plácidos ...Deste tempo em que o verde bolinado dos meus olhos fulgurou feérico na noite dos teus olhos, que logo assustados partiram, dúbios mareantes, na incerteza e na vontade de ficar, na tristeza dissimulada de zarpar. Acolho-me da noite no ressaibo de um balanço de berço, numa rola de barco, das tuas asas de morcego em pranto.(E do meu pranto,de te saber mar-chão, em sofrimento...) De um tempo em que foste mar de calma e as gaivotas se explodiram coralinas no remanso das branquelas das água e tudo era sonho, e tudo não mais que utopia e ilusão. Daqui, da proa do meu barco, eras o tempo de um tempo que se navegava aproado, ao meu tempo colado.

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