terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lua


Da lua soltas cordas de guitarra
Num fado que é todo o nosso luar
Iluminado barco sem amarra
Que não seja a pura amarra de amar
E corda mais forte não vai soar
Que não a que prenda olhar à melodia
E eu, barco solto, vou em ti fundear
Sem cordas que amarrem minha alegria.
Ser teu sem medo de mágoa, um dia…
Ser teu sem medo da noite ter fim
Saber-te o luar que a noite pedia
Saber que somente por ti eu vim.
Barco sem porto, sem cordas nem nós
Desamarrado nas águas mais fundas
Perdi-me num canto em cantos sem dós
E só em ti me achei nas notas profundas.
Não sofras medo nem nele confundas
Amor com medos de medos sem fim
Pois, o luar que na noite te inundas
Não é mais que o medo que brota de mim
De no escuro perder tudo ao que vim...


As ondas num vai e vem se reúnem

Num lindo teclado de espumas

Que desliza suavemente pela areia

As gaivotas cantam e revoam

Formando um bale em homenagem

A mais um dia que se vai

Com a chegada do anoitecer

O sol vai escondendo-se

Entre as montanhas do horizonte

A tarde vai se perdendo no poente

Entregando-se a noite que chega

A lua surgirá majestosa na escuridão

Iluminando todo o chão

E olhando para o céu saberemos

Que não estamos sozinhos

Deus está a guiar-nos pelas noites

E também pelos dias é só percebermos

A grandeza de sua criação tão perfeita

Outra noite se vai e o sol já está a nascer

Com toda sua magnitude existencial

Mais um dia que afora em nossas vidas

Para nos conscientizar das maravilhas

Que Deus nos oferece sem que pedíssemos

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


Um homem que trabalha o poema com o suor do seu rosto. Um homem que tem fome como qualquer outro homem. Poeta, não somente o que escreve. É aquele que sente a poesia, se extasia sensível ao achado de uma rima, a autenticidade de um verso.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

o Sol Poente

O Sol Poente e a luz derramada no meu rosto como a chuva que cai agora, nuvens traiçoeiras por detrás.
A noite anunciada pela escuridão na retaguarda deste bastião do amor proscrito em que me tornei. As coisas que sei e não pretendo partilhar, molhadas, lavadas pela água do céu, levadas pelo mar para parte incerta do esquecimento que confiei ao silêncio do astro rei pouco antes de ele partir do meu olhar.
Um barco ao longe a passar, forrado de gaivotas. Agitada como a folha de uma árvore no Outono, a vela esticada pelo vento e mais uma, queimada, lá dentro, depois de derramar no meu rosto a luz como a água salgada que nos salpicava então. O balanço da ondulação mais o vento temporal, a dança dos corpos no convés, molhados da cabeça aos pés pelas chapadas da água da terra que insiste em trepar, se calhar para espreitar as silhuetas que a lua descobriu nessa noite que nos viu amantes navegadores.
Memórias de amores suados, de corpos queimados pelo sol. Histórias de caminhos cruzados, de segredos sussurrados com a lua por farol. A força das ondas nos rochedos, adiante, e os cabelos beijados pelo vento junto ao leme de uma fêmea desgovernada pelo cio. Como uma fotografia que conserva por magia as lágrimas, o frio, e os sorrisos tão quentes que ressuscitam nas recordações.
O som distante dos trovões e um barco no horizonte prestes a desaparecer na escuridão que o devora como ao dia aconteceu, terminado num glorioso final de luz.
Derramada no meu rosto como a chuva que cai agora, lavadas as coisas que sei.
No futuro que abracei quando a tua lembrança zarpou.